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Atividades sobre bullying na escola: como identificar e agir

Atividades sobre bullying na escola: como identificar e agir

1 jun 2016
5 min
Post modificado em:
10/10/2022

Lançada pela Netflix a série “13 Reasons Why”, inspirada no romance homônimo escrito por Jay Asher, conquistou popularidade rapidamente e ficou mundialmente conhecida por abordar um tema muito delicado: o suicídio de uma adolescente vítima de bullying dentro da escola. Pensando em como tratar desse assunto, criamos este texto que contempla atividades sobre bullying na escola.

Para comentar o assunto, convidamos a Dra. Evelyn Eisenstein, professora associada de pediatria e clínica de adolescentes, diretora da Clínica de Adolescentes e coordenadora do ESSE Mundo Digital. Tivemos uma conversa aberta sobre como identificar bullying e desenvolver atividades sobre bullying na sala de aula. Confira a entrevista logo a seguir e não deixe de conferir a surpresa ao final do post.

Atividades sobre bullying na escola: confira entrevista

O bullying é um fenômeno que não faz distinção de camadas sociais e está presente em escolas públicas e particulares do mundo inteiro. Como as instituições de ensino devem lidar com os alunos agressores?

Bullying é uma das formas de violência que ocorre entre pares de colegas estudantes nas escolas, e acontece em todas as escolas. É uma forma de intimidação, humilhação ou confronto de "poder" entre alunos ou grupo de alunos, e que demonstra um confronto de controle entre os agressores e as vítimas.

Mas é importante ressaltar o terceiro vértice desta situação de violência que é o "silêncio" (ou a omissão) das "testemunhas" ou de colegas que sabem que existe o problema, mas ficam calados e não denunciam, geralmente por medo de se tornarem vítimas.

Todos os 3 grupos necessitam da atenção que precisa se transformar de negativa (a violência) para positiva (convivência) e todas as escolas precisam ter atividades sobre bullying, de prevenção e de identificação, para encaminhamento e tratamento psicológico, não só das vítimas, mas também dos agressores e suas famílias.

Geralmente o bullying que ocorre na escola é só um dos sintomas do desajuste ou problema familiar que ocorre fora da escola e a instituição de ensino precisa ter uma equipe de psicopedagogos ou de psicologia para intervenções precoces e avaliação médica ou psicológica da situação de todos os envolvidos.

Uma pesquisa realizada em 2010 pela Plan International, uma ONG voltada para os direitos da infância, revelou que o bullying tem características semelhantes em qualquer país, mas que no Brasil existe uma particularidade: 21% dos casos acontecem dentro da sala de aula. No que o professor deve estar atento e como identificar bullying, ou seja, como identificar que um aluno está sofrendo esse tipo de agressão dentro do ambiente escolar?

Existem várias pesquisas sobre bullying e, atualmente, sobre o cyberbullying que é a mesma violência, agora transmitida online.O CGI, Comitê Gestor da Internet e o CETIC, Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação, realizaram em 2015 a pesquisa TIC KIDS ONLINE, com entrevistas domiciliares nos 350 municípios das cinco regiões do Brasil.

A pesquisa demonstrou que 23 milhões de crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos são usuários de Internet e 20% já foram tratados de forma ofensiva (vítimas), caracterizando uma das formas de cyberbullying, mas 37% viram alguém ser discriminado nos últimos 12 meses, o que representa mais de 8 milhões de crianças e adolescentes testemunhas ou expostos aos discursos de ódio, intolerância ou violência.

Além dos problemas emocionais que o bullying pode provocar, existe alguma relação entre sofrer maus-tratos e o mau desempenho do aluno na escola?

Sim, sofrer maus tratos ou qualquer forma de violência durante a infância ou a adolescência, durante importantes fases do crescimento mental-cerebral impactam para sempre, inclusive na vida adulta, e deixam marcas indeléveis, o que denominamos as reações do estresse pós-traumático, e a queda do desempenho escolar, do aprendizado e até da evasão escolar são repercussões das reações adversas (adverse childhood experiences ou o ACE study), problemas de memória, cognição e afetividade estão sempre associados.

Leia também: Reprovação escolar: causas e 6 soluções para diminuir esse índice.

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Já faz um tempo que o bullying ganhou uma nova vertente: a das redes sociais. Como as escolas podem agir para combater a prática de maus-tratos entre colegas na internet e de que forma é possível abordar este tema com os alunos?

As escolas precisam ter regras de convivência, convívio saudável e respeitoso entre todos, palestras e práticas sobre prevenção dos riscos, tolerância às diversidades, mediação de conflitos, práticas alternativas de liberação de "tensões diárias" como atividades artísticas, musicais, exercícios ou atividades esportivas que promovam a solidariedade e a construção da paz. S

e necessário, oferecemos consultoria às escolas ou aos educadores sobre algumas dessas metodologias de prevenção da violência/bullying/cyberbullying, contato através do telefone (21) 2539-0048, Clínica de Adolescentes ou ESSE Mundo Digital.

O bullying também é prejudicial ao aluno que o pratica?

Todos na escola são prejudicados, tanto o aluno que pratica o bullying (agressor), como o que sofre (a vítima), como os que observam e não denunciam (as testemunhas) e também a própria rotina da escola, que deixa de ser um local prazeroso de convívio e de aprendizado para a vida e para a construção da paz e tolerância entre todos e passa a ser um "ringue-de-boxe-ou-de-lutas-livre" e pior, sem necessidades, todos perdem nestas batalhas.

Como os responsáveis pelo aluno podem ajudar a escola no combate ao bullying?

Todos são responsáveis: pais, escola e sociedade. Inclusive, o papel da mídia deve ser ressaltado. Violência gera violência. Convívio saudável gera possibilidades de convivência mais saudável, na família, na escola, na sociedade. Menos tensão e menos estresse e teremos mais saúde e paz. Palestras devem ser realizadas com mais frequência e com mais participação e interação entre professores e pais, educadores e alunos.

Resolução de problemas e conflitos gerados pela violência devem ser uma meta de todos na escola. Ou seremos todos parte do triângulo do silêncio e da perpetuação da agressão entre as gerações. Não estaremos construindo um futuro melhor para ninguém, portanto, a hora é agora para a proteção de todos. E basta de violência-bullying-cyberbullying!

3 livros sobre bullying na escola

Como apresentado, o bullying é um dos grande motivos para a queda de resultados de um aluno, podendo também ser uma das principais razões para um aluno desejar sair de uma escola, dessa forma, entender como evitar a evasão escolar também faz parte do aprendizado sobre o tema, tão delicado.A seguir separamos 3 obras para pais e professores entenderem como lidar com o bullying, com ações de prevenção e ação diante de um caso em sua escola.

1. Bullying: Mentes Perigosas Nas Escolas

Um dos primeiros livros a tratar da violência e intimidação nas escolas, “Bullying: Mentes perigosas nas escolas” foi escrito pela Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva, uma das pioneiras em abordar o tema de forma simples e objetiva com pais e educadores, apontando como identificar o bullying e muito mais sobre o assunto.

2. FLICTS

Apesar de ter sido escrito em 1969, este livro é muito atual, pois relata o sofrimento e humilhação que muitas crianças passam por “serem diferentes” do padrão pré estabelecido pela sociedade. Ziraldo nos presenteou com um livro cuja mensagem principal e mais importante refere-se ao caráter e ao respeito que temos que ter uns com os outros, uma vez que independente das diferenças, todos temos nosso lugar no mundo.

3. Bullying: Vamos sair dessa?

Na periferia e nos bairros de classe média, o bullying cresce como uma praga. “Bullying: vamos sair dessa?” discute o preconceito, as dúvidas, as dores e as causas desse mal que afeta crianças e jovens em nossas escolas, públicas ou privadas. Torna-se, assim, uma importante ferramenta de discussão e informação, que poderá ser usada por professores, diretores, pais e alunos, vítimas ou não desse tipo de agressão.

E agora, se sente mais preparado para lidar com o bullying depois de ter acesso à entrevista com a Dra. Evelyn Eisenstein e com a sugestão dos 3 livros acima? Desenvolver atividades sobre bullying na sala de aula e estar atento às mudanças comportamentais dos alunos é papel de todos. Confira também nosso Guia do Engajamento Escolar!

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