A distração na sala de aula e o estabelecimento de uma relação de dependência entre as novas gerações e os dispositivos tecnológicos levou o governo francês a tomar uma medida drástica. Cumprindo uma promessa de campanha de Emanuelle Macron, o uso de celular na sala de aula está proibido desde setembro de 2018.
Como se pode imaginar, a medida gerou uma grande polêmica. Alguns grupos alegam que é impossível colocar a proibição em prática. Outros entendem que se trata de uma ação necessária para promover a "desintoxicação" de uma juventude tecnodependente, que passa cada vez mais tempo diante das telas de seus equipamentos e tem seu desempenho prejudicado por esse tipo de distração.
Mas, afinal, os smartphones são amigos ou inimigos da educação? Esse é o tema em discussão neste post. Nosso objetivo é abordar essa questão com seriedade e provocar uma reflexão sobre o papel da tecnologia na sala de aula. Acompanhe!
Smartphones na sala de aula: proibidos, mas presentes
Há um bom tempo, manter a atenção de um grupo de crianças ou adolescentes é um grande desafio para educadores. As novas gerações estão acostumadas a um padrão de comportamento diferente e resistem a propostas de ensino que esperam uma postura passiva do aluno em sala de aula.
Ao mesmo tempo que a sociedade via essa mudança de comportamento, a tecnologia invadiu as nossas vidas. Ela facilitou o acesso às informações, disponibilizou opções instantâneas de entretenimento e trouxe a gamificação para a rotina das crianças. Trata-se de um verdadeiro bombardeio de estímulos com o qual a escola tem dificuldade para concorrer.
Desde então, o apelo de muitos educadores é pela proibição do celular em sala de aula. A lei francesa que citamos no início do post é apenas um exemplo de iniciativa nesse sentido. Desde 2007, leis estaduais estabeleceram essa mesma regra no Brasil. São Paulo foi o estado pioneiro, mas outros seguiram essa posição. No entanto, o fato é que os estudantes continuam levando seus aparelhos à escola e desafiando educadores.
Celular na sala de aula: de inimigo a amigo da aprendizagem
Realmente, todos somos provas do quanto é fácil se distrair com um smartphone em mãos. Um push up alertando a chegada de um e-mail, o alerta de uma notícia, aquela olhadinha nas redes sociais e, quando percebemos, nos desconectamos do ambiente à nossa volta e gastamos um tempo não previsto com o aparelho. O mesmo acontece com os alunos em sala de aula, prejudicando a aprendizagem.
Essa percepção é confirmada por um estudo da London School Of Economics and Political Science (LSE). Ele revelou que, nas escolas britânicas que baniram os celulares, o desempenho dos estudantes melhorou cerca de 6%. Quem é a favor das recentes proibições cita estatísticas como essas para reforçar sua posição.
Porém, ao mesmo tempo, surgem estudos que mostram o quanto os celulares podem ser úteis para a aprendizagem. O site Mobile Time, por exemplo, apurou em 2015 que 12,5 milhões de brasileiros estudam pelo celular.
Além disso, atualmente existem empresas especializadas em soluções digitais que podem ser aplicadas para essa finalidade, que vão desde games e aplicativos educativos até plataformas completas de ensino. Portanto, antes de rotular o smartphone como um inimigo da aprendizagem, é preciso analisar seu potencial educativo.
Se esses equipamentos podem democratizar o acesso à informação, despertar o interesse dos alunos, promover engajamento, gerar respostas e ainda facilitar a avaliação individual dos estudantes, por que não os utilizar? Para transformá-los em ferramentas produtivas, basta conhecer e recorrer a recursos eficazes para alcançar os resultados desejados.
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Inscreva-se já!Aprendizagem e smartphones: como usá-los de forma apropriada
Assim, a verdadeira questão referente a esse tema não é se o smartphone é ou não um inimigo da educação, mas como a escola pode utilizá-lo para engajar os estudantes e melhorar o desempenho das turmas. Por isso, selecionamos algumas sugestões que vão ajudá-lo nessa tarefa. Confira!
Disponibilize o conteúdo por meios digitais
Todo professor sabe que os minutos em sala de aula são preciosos. Geralmente, é um grande desafio "dar conta" de todo o conteúdo previsto na proposta pedagógica da escola. Muitas vezes, a tentativa de concluir o programa de estudos impede o atendimento às dificuldades específicas dos alunos. Outras vezes, o educador se sente tão pressionado pelo tempo que não tenta implementar metodologias ativas e inovadoras sobre as quais tem interesse.
É possível reverter essa situação usando a tecnologia para otimizar o tempo em sala de aula. O educador pode, por exemplo, disponibilizar o conteúdo por meios digitais. Uma possibilidade é fazer isso após a aula e orientar os alunos para que não fiquem copiando as anotações do quadro. Em outros casos, o professor pode adotar o modelo de sala de aula invertida.
Assim, o professor tem a oportunidade de usar o tempo em classe de forma mais dinâmica e, principalmente, produtiva. Ele pode propor metodologias inovadoras, desenvolver projetos com os alunos, promover debates ou provocá-los a aplicarem o conhecimento adquirido na solução de problemas reais.
Recorra a soluções especializadas
Muitos professores entendem que a tecnologia tem o poder de engajar os alunos e, quando utilizada adequadamente, produzir uma aprendizagem significativa. No entanto, grande parte deles enfrenta dois obstáculos relevantes: falta de tempo para preparar aulas com esses recursos e até mesmo de conhecimento sobre o desenvolvimento de soluções digitais.
No entanto, é importante que o professor saiba que existem alternativas para esses problemas. Assim como outros profissionais do mercado, ele realmente não precisa saber criar essas soluções digitais. No entanto, ele pode recorrer a empresas especializadas que conseguem conciliar tecnologia e eficiência pedagógica.
Prepare-se para outra modalidade de protagonismo
Com a disponibilidade de informações na internet, é fato que os alunos se tornam menos dependentes do professor para adquirir conhecimento. Porém, esse novo cenário não reduz a importância do educador — ele simplesmente ressignifica seu papel e garante ao profissional de educação uma espécie de protagonismo ainda mais valiosa.
Nesse novo contexto, o professor tem o papel de provocar a construção do conhecimento. Ele ensina o estudante a obter informações, avaliar as fontes, comparar dados, debater ideias e estabelecer critérios de julgamento. Mais que isso, ele instiga a aplicação do que foi aprendido às situações práticas do cotidiano — uma função que nenhuma máquina é capaz de fazer com eficiência.
E agora, você acredita que o celular na sala de aula é um amigo da educação e pode ajudá-lo a melhorar o desempenho de seus alunos? Quer saber mais sobre o tema? Então, continue no blog e confira nosso post sobre a importância da tecnologia na educação.