Nesse texto você vai encontrar um panorama dos principais dados sobre o censo escolar de 2021 e a evasão escolar na pandemia. Com o intuito de contribuir com o manejo dos danos causados pela doença, destacando dados de diversos relatórios, trouxemos informações pautadas no cenário nacional que podem te apoiar no desenvolvimento das melhores estratégias para a sua escola.
Censo Escolar 2021 e a pandemia
O estudo realizado pelo Unicef em janeiro de 2021 já desenhava um cenário bastante complexo para a educação nacional. Embora venha apresentando uma melhora na escolaridade e número de matriculados desde 2000, as desigualdades multidimensionais persistem, é o que afirma o relatório do Education Policy Outlook e do Itaú Social.
Dialogando com os dados do Censo de 2021 e alguns relatórios, vamos traçar um panorama da educação do país na pandemia, destacando principalmente a dimensão da evasão escolar.
O que é o Censo Escolar?
Nomeado como o principal mecanismo estatístico de avaliação das escolas públicas e privadas de todo o país, o Censo Escolar é o levantamento feito anualmente pelo INEP, realizado em parceria com as secretarias municipais e estaduais.
O que traz o Censo Escolar de 2021?
Na edição de 2021 verificou-se que o número de matrículas de 2021, em comparação com 2019, teve uma queda de 7.3% na educação infantil. O censo também demonstra que no ano de 2021, 627 mil alunos, contabilizados em todos os segmentos escolares, deixaram de se matricular.
O censo de 2021 apresentou dados muito importantes sobre a distribuição de alunos pelas dependências administrativas e redes de ensino. A instância municipal continua a abrigar a maior parte dos estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental. Apenas 18% dos matriculados na educação básica estão na rede privada. Desde 2019, o ensino privado obteve uma queda de quase 1 milhão de alunos no seu quadro de matrículas, o que também foi observado na educação infantil, apresentando 7.3% menos matrículas que em 2019.
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O ensino profissionalizante também apresentou queda em relação a 2020, lembrando que a rede estadual ainda é predominante na oferta da educação profissional, mantém-se assistindo os estudantes dos anos finais do ensino fundamental e médio, totalizando 11, 4 milhões de adolescentes.
Outro dado importante desse ano é o aumento do número de estudantes do ensino fundamental no ensino de horário integral. Também verificou-se um aumento do modelo no ensino médio, principalmente na rede pública de ensino, isto pode se relacionar ao período de implementação da reforma do Ensino Médio e da BNCC.
Além disso, na edição, observou-se um acréscimo no número de matrículas nos anos finais do ensino fundamental e médio. Enquanto a distorção idade-série, um dos desafios mais conhecidos no cenário nacional, corresponde a 21% das matrículas dos anos iniciais do ensino fundamental e 25,3% dos anos do ensino médio, dentre eles o sexo masculino apresenta maior proporção.
Evasão escolar e pandemia
Com a pandemia, desde março de 2020 as escolas públicas e privadas do país ficaram, no mínimo, 290 dias completamente fechadas, segundo o INEP. Essa interrupção abrupta das aulas presenciais aprofundou alguns problemas já conhecidos pela educação brasileira como a evasão escolar.
O estudo da Education Policy Outlook, em parceria com o Itaú Social, demonstra que o recorte econômico tem impacto direto sobre o empenho e evasão dos estudantes, o que dialoga com o documento produzido pelo UNICEF, o qual aponta que os estudantes mais vulneráveis são mais afetados pela evasão escolar, uma vez que em 2019, 1.1 milhão de crianças de 4 e 5 anos e adolescentes de 15 a 17 anos, majoritariamente nas regiões norte e nordeste do país, estavam fora da escola.
Segundo o Pnad Contínua 2019, 71,7% dos que abandonam a escola são negros. A evasão está associada à instabilidade financeira das famílias mais vulneráveis. Esse rompimento de ciclos escolares pode acarretar impactos profundos nas trajetórias acadêmicas e escolares.
Além do respeito aos direitos sociais, medidas que garantam a diminuição das distâncias de aprendizado, assim como condições de permanência escolar são essenciais para o enfrentamento da problemática.
O quadro da evasão escolar foi reproduzido na pandemia, uma vez considerada a desigualdade econômica e social do país, onde 20 milhões de residências não possuem acesso à internet. Não apenas condições econômicas impactam no acesso à internet, mas também geográficas, tendo em vista que há um número relevante de residências onde o serviço de web não está disponível.
A exclusão escolar na pandemia afetou principalmente as famílias que já possuíam um cenário econômico vulnerável, 6 em cada 10 crianças fora da escola possuíam famílias com renda de até meio salário mínimo.
E os professores no Censo Escolar 2021?
As dificuldades da pandemia podem ser observadas também sobre os professores e professoras. A mudança no modelo das aulas trouxe desafios didáticos para avaliar e medir o aprendizado, por exemplo, assim como incertezas sobre as melhores formas de acompanhamento dos estudantes.
Além da desassistência técnica e econômica vivenciada por eles, a mudança repentina de rotina impediu o acionamento de recursos para o aprimoramento das aulas, implicando em sobrecarga de trabalho.
Mais alguns dados sobre o ano de 2021
A Todos pela Educação, organização não governamental, lançou uma nota técnica que dialoga com os dados destacados. De acordo com a instituição, a evasão escolar apresentou um aumento de 171% em relação ao ano de 2019. Ela aponta que no segundo trimestre de 2021, 244 mil crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos estavam fora da escola.
De modo semelhante, observou que 702.7 mil crianças que deveriam ingressar no ensino fundamental estavam ainda no ensino infantil, uma diferença de 305,9 em relação a 2019, número que impacta significativamente os indicadores da distorção idade-série. O aumento da defasagem também é observado nos estudantes entre 15 a 17 anos, que em comparação a 2020 apresentou 300 mil adolescentes em séries inferiores à sua idade.
Gestor, sabemos que é importantíssimo estar atento ao quadro nacional para que as tomadas de decisão sejam baseadas e empáticas. A situação é desafiadora, mas também sabemos que a educação é um ato de amor e coragem!
Dialogue com seu corpo discente e escute os responsáveis, é muito importante que a escola construa, em conjunto, estratégias que mitiguem os danos da pandemia. Conte com a Árvore!
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