A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aponta como fundamental o estímulo ao desenvolvimento das chamadas competências socioemocionais. Trata-se de um conjunto de capacidades relacionadas à autoconsciência e à consciência da outridade nas relações humanas.
Em contextos escolares, pois, tais competências englobam uma educação integral. Um de seus propósitos é incentivar o bem-estar dos alunos em interações saudáveis com os colegas e diante de situações desafiadoras.
Mas, afinal, há uma forma de medir, observar e avaliar as competências socioemocionais? No post de hoje, vamos abordar:
- o desenvolvimento das competências socioemocionais;
- possíveis caminhos para avaliar tais competências dos estudantes;
- dicas práticas para orientar educadores sobre essa temática tão cara à toda a sociedade.
Não deixe de conferir!
Como se desenvolvem as competências socioemocionais?
Uma das pesquisadoras que nos ajudam a entender esse processo é Zilda Del Prette. Ela é psicóloga, mestre, doutora e professora do programa de pós-graduação em Psicologia da UFSCar.
Em um de seus livros, ela mostra que a educação socioemocional não se limita aos muros da escola. Tampouco a um ambiente ou situação específicos. Pelo contrário: perdura todas as fases da vida e suas diferentes esferas de interação com o mundo.
Ademais, a autora destaca que o desenvolvimento das competências socioemocionais na escola advém de um trabalho “intencional, sistemático e transversal” (p. 17). Em outras palavras, um dos fatores- chave para o sucesso de uma Educação Socioemocional de qualidade é a interdisciplinaridade. E isso vai desde o desenho curricular ao desenvolvimento do projeto pedagógico da escola.
Leia mais: Competências socioemocionais: o que são e como promover na escola
Como podem ser avaliadas as competências socioemocionais?
Uma mensuração de qualidade das competências socioemocionais dos estudantes deve ser bem informada por profissionais e organizações de saúde. Uma delas é a Associação norte-americana de educadores socioemocionais CASEL, citada em documentos formativos do MEC.
Segundo tal organização, há 5 competências básicas que podem ser observadas em aprendizes:
- a autoconsciência perante as próprias emoções, qualidades e aspectos comportamentais a serem melhorados;
- o autocontrole ou gerenciamento de emoções e comportamentos de modo adequado a cada contexto;
- a consciência social e a empatia diante das diferenças;
- as competências relacionais para a criação de vínculos saudáveis (como por exemplo a comunicação eficaz e a cooperação);
- e a tomada de decisão ética e responsável, levando em consideração os impactos de suas escolhas e a capacidade analítica de problemas.
Uma vez elucidados os critérios de mensuração de competências socioemocionais, a equipe pedagógica pode traçar estratégias para registrá-los de forma periódica.
Segundo artigo publicado por Vitor Coelho e Vanda Sousa (2020), psicólogos e pesquisadores, uma dessas estratégias é a adoção de questionários avaliativos. Os autores realizaram um estudo com alunos entre 9 e 12 anos matriculados na rede pública do Distrito de Lisboa.
Após a coleta dos dados, eles concluíram que o instrumento utilizado pode ser rapidamente preenchido e útil. Ele servirá para identificar as principais dificuldades enfrentadas pelos estudantes.
Outra possibilidade de avaliação das competências socioemocionais na escola é a observação dos comportamentos e atitudes dos estudantes. Além de uma comunicação franca e aberta sobre essa questão entre a equipe escolar.
Os gestores podem utilizar, por exemplo, relatórios, documentos e planilhas online padronizados e armazenados em nuvem para cada aluno. Sempre que necessário, esses documentos devem ser atualizados e consultados.
Assim, pode-se avaliar a necessidade de orientar o estudante diretamente e de modo individual. Além de contactar as famílias ou profissionais de saúde, ou promover atividades em grupo.
Em relação a crianças e adolescentes, Del Prette (2022) aponta os critérios abaixo para avaliar as competências socioemocionais. Se você for membro de uma escola parceira da Árvore, pode consultar o livro na íntegra em nossa plataforma.
- Alcançar os objetivos na interação social.
- Manter/ melhorar a autoestima dos envolvidos.
- Manter/ melhorar a qualidade da relação com os demais.
- Obter avaliação positiva dos adultos.
- Apresentar status social positivo junto a colegas.
- Apresentar comportamentos adaptativos relacionados. (Del Prette, 2022, p. 38)
Como a gestão pode orientar os educadores?
Mas afinal, o que cabe à gestão escolar para apoiar a equipe pedagógica na promoção e avaliação de competências socioemocionais? Veja 5 dicas práticas a seguir.
1 - Valorize a equipe pedagógica no processo
Em primeiro lugar, é preciso apoiar o bem-estar emocional dos membros da equipe pedagógica. Professores que estão emocionalmente equilibrados são mais capazes de ensinar e modelar competências socioemocionais.
Os gestores podem liderar pelo exemplo e promover um clima escolar positivo. Assim, eles acabam criando um ambiente escolar onde o respeito, a empatia e a comunicação saudável sejam valorizados.
A valorização de docentes e coordenadores também inclui a capacitação contínua sobre competências socioemocionais, suas aplicações e estratégias para ensiná-las. Avalie a possibilidade de convidar especialistas e profissionais para treinamentos, workshops e palestras internas e abertas à comunidade.
Certifique-se, ainda, de indicar materiais educacionais e recursos formativos que apoiam o desenvolvimento de competências socioemocionais. Na Árvore, por exemplo, você pode explorar um acervo de mais de 50 mil títulos voltados a todas as faixas etárias.
Além disso, não deixe de celebrar os sucessos da equipe e dos alunos na promoção das competências socioemocionais. Isso motiva a manutenção do comprometimento com o desenvolvimento dessas habilidades.
2 - Integre a Educação Socioemocional ao currículo
Una forças com a equipe pedagógica para integrar as competências socioemocionais no currículo, identificando oportunidades em diversas disciplinas para promover essas habilidades.
Se a carga horária e estrutura da escola permitir, estude a oferta de programas extracurriculares que se concentrem no desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Alguns exemplos são clubes de debate, grupos de resolução de conflitos ou atividades de serviço comunitário.
Nessa missão você pode contar com o Sentir, um programa completo e 100% digital de educação socioemocional para toda a comunidade escolar. O Sentir foi desenvolvido por Rossandro Klinjey, psicólogo e fundador da Educa, em parceria com a Árvore.
3 - Registre as observações feitas
Como vimos no post de hoje, é fundamental adotar ou adaptar mecanismos de avaliação para medir o progresso das competências socioemocionais dos alunos.
Ademais, é preciso revisar e avaliar continuamente os esforços da escola em relação às competências socioemocionais, fazendo ajustes quando necessário.
4 - Envolva as famílias no processo
O engajamento das famílias na rotina escolar é primordial para o bom desempenho acadêmico, cognitivo e afetivo de crianças e adolescentes. Por isso, procure envolver os pais e responsáveis no desenvolvimento das competências socioemocionais de seus filhos.
Atividades como workshops, reuniões periódicas e indicação de recursos para apoiar a educação socioemocional em casa podem facilitar esse processo.
4 - Mantenha uma comunicação eficaz com a comunidade escolar
Finalmente, é preciso que a equipe pedagógica, os alunos e as famílias sintam-se acolhidos e ouvidos em suas demandas. Por esta razão, atente-se à forma como se comunica com todos esses atores da comunidade escolar.
Avalie, sempre, se suas falas são gentis, coerentes e eficazes. Isso contribui para que você se torne uma referência de auxílio ao surgirem problemáticas relacionadas à educação socioemocional das turmas.
Gestor, você exerce uma função crucial na criação de uma cultura escolar que valorize e promova as competências socioemocionais.
Ao guiar a equipe e incentivar a colaboração, as escolas podem ajudar no crescimento completo dos alunos.
Para se aprofundar ainda mais no tema, baixe gratuitamente o e-book Desenvolvimento de competências socioemocionais na escola, escrito por Rossandro Klinjey. Até a próxima!