A elaboração de uma lista de leitura escolar para os alunos passa por diversas definições prévias, de acordo com o que se pretende trabalhar durante o período letivo.
Cada escola vai se organizar sobre as indicações de forma que faça sentido dentro do plano pedagógico e da estrutura dos componentes curriculares.
No texto de hoje, vamos te dar dicas valiosas para montar uma lista de leitura que considere diferentes aspectos que impactam não só a comunidade escolar, mas toda a sociedade. Vem com a gente!
1 - Considere a lista de leitura escolar nos diferentes componentes curriculares
A BNCC traz a leitura como uma das práticas de linguagem no componente de Língua Portuguesa. Porém, ler é um meio de acesso ao conteúdo de todas as áreas do conhecimento. Portanto, esse incentivo não precisa ficar restrito na mão dos professores de linguagens.
Em Ciências, por exemplo, o aluno vai precisar ler um artigo científico ou a metodologia de um trabalho específico. Na área de humanas, ele vai encontrar os textos clássicos de filósofos, a ordem cronológica de apresentação dos fatos e os mapas. Em matemática, a apresentação do problema bem entendida é que vai garantir sucesso na solução com os números.
Todos esses exemplos, ainda que sejam bem básicos quando relacionados à riqueza do que se define como leitura, mostram como ela precisa estar inserida de forma multidisciplinar no cotidiano dos alunos.
Se você é um professor de Língua Portuguesa, que tal convidar um colega de outra disciplina para escolherem juntos uma obra que vai nortear o trabalho nas duas áreas? As oportunidades de trocas e interdisciplinaridade se tornarão ainda maiores com essa proposta.
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Baixe agora!2 - Defina as temáticas
O currículo da matéria de cada professor já define de forma mais ampla quais os temas precisam ser abordados. Além disso, a BNCC também pode ser uma norteadora nesse processo.
Por outro lado, não deixe de conectar o conteúdo a temas atuais e que façam parte do dia a dia de seus alunos. Para isso, conhecer e escutar a turma é fundamental.
Com os temas escolhidos à mão, você pode fazer uma busca para identificar títulos, autores, gêneros literários e escolher quais serão as obras presentes na sua lista de leitura escolar.
3 - Explore diferentes gêneros textuais
Para além dos temas que precisam ser trabalhados de acordo com o conteúdo, os diferentes gêneros textuais também precisam estar presentes na sua lista de leitura.
Uma forma bem eficiente de fazer essas escolhas, é começar pelo que os alunos mais gostam. Em uma conversa em sala de aula, pergunte o que eles gostam de ler. História em quadrinhos, romance, fantasia, poesia?
Caso a resposta seja, por exemplo, histórias em quadrinhos, mas você precise trabalhar uma temática mais densa com as turmas, uma alternativa é buscar adaptações de obras clássicas para HQs.
Essa primeira escolha vai considerar o gosto dos estudantes em relação ao gênero, visando estabelecer conexão entre eles. Com a intenção de aproximar o aluno das leituras e tornar possível que outros gêneros menos apreciados inicialmente se tornem mais bem aceitos.
4 - Valorize a diversidade na sua lista de leitura escolar
Um dos pontos fortes da BNCC em relação à educação básica é a necessidade de valorizar a diversidade do mundo. Como diz o texto da competência geral de número 9 da Base.
“Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.”
Por isso, é essencial que sua lista de leitura escolar considere autores diversos nas obras escolhidas. Sendo assim, pesquise por livros que tenham sido escritos por autores negros, por mulheres, por indígenas e das mais diversas regiões do país.
Muitos escritores e escritoras estiveram fora das listas de leitura por terem sido invisibilizados. Com o advento da internet e da ampla divulgação de conteúdos, estamos redescobrindo obras literárias clássicas e contemporâneas da nossa história e isso é incrível!
5 - Fique atento à classificação indicativa
Um dos pontos de preocupação dos professores na hora de montar a lista de leitura escolar é garantir que aquele conteúdo seja adequado à idade dos estudantes.
O ideal é que todos os livros presentes tenham sido lidos pelo educador antes da indicação. Assim, evita-se que questões delicadas presentes no livro possam gerar desconforto nos alunos e seus familiares.
Por outro lado, sabemos que nem sempre o educador vai ter tempo disponível para a leitura integral de todas as obras. Principalmente se esse professor trabalha em mais de uma escola, com indicações de livros diferentes.
Nesse caso, nossa dica é: pesquise muito sobre o livro! Busque resenhas e reviews de “booktubers” na internet. Troque com colegas que possam ter lido a obra.
Por último, não deixe de fazer uma leitura dinâmica do conteúdo, a fim de conhecer questões gerais como a linguagem utilizada, os temas abordados, entre outros pontos.
6 - Adicione inovação a sua lista de leitura escolar
Muitas escolas trabalham com a mesma lista de leitura escolar por anos seguidos, sem alterações. Esse formato funciona muito bem, pois os professores conhecem a obra e passam a ter cada vez mais domínio sobre como explorar o conteúdo a fundo.
Em contrapartida, perde-se muito das infinitas possibilidades de leituras de novas obras que surgem todos os dias, com temas cada vez mais atuais.
Por isso, se permita trazer novos títulos para seus alunos. Sem deixar de considerar os clássicos. Esse equilíbrio nas indicações vai proporcionar mais formas de enriquecer o repertório cultural dos estudantes.
7 - Considere o tempo de trabalho
O tamanho das obras precisa ser considerado nas escolhas. É essencial olhar para o planejamento e entender quanto tempo você terá disponível para as atividades relacionadas aos livros escolhidos.
Conhecendo seus alunos, suas diferentes aptidões e os prazos estabelecidos, faça escolhas que sejam possíveis dentro do cronograma.
Para livros mais densos ou mais longos, considere fazer a leitura de forma compartilhada, garantindo que todos os estudantes estejam sendo impactados pela narrativa. Esse caminho também evita que somente livros curtos sejam os escolhidos.
8 - Dê autonomia aos alunos
Uma das competências específicas do componente de Língua Portuguesa traz a seguinte orientação: “Selecionar textos e livros para leitura integral, de acordo com objetivos e interesses pessoais (estudo, formação pessoal, entretenimento, pesquisa, trabalho etc.).”
Que tal promover uma ida até a biblioteca, ou uma navegação na biblioteca digital da escola para que os alunos possam contribuir na lista de leituras?
Além de gerar um maior interesse nas atividades relacionadas ao livro, essa proposta também vai dar protagonismo e visibilidade às vozes e gostos dos alunos.
9 - Elabore um plano de trabalho para cada título
As escolhas dos livros precisam estar conectadas a um objetivo pedagógico. Por isso, estabeleça rotas que vão guiar sua turma na experiência de leitura planejando os fins de aprendizagem.
Pense previamente sobre as reflexões que o texto pode trazer e como essas trocas serão conduzidas. Organize rodas de conversa, atividades que levem a leitura para além do texto escrito.
Esperamos que essas dicas tenham te ajudado a pensar em diferentes maneiras de realizar uma curadoria de conteúdo para elaborar sua lista de leitura escolar cada vez mais abrangente, inovadora e diversa. Se quiser receber mais dicas como essas no seu e-mail, assine nossa newsletter!