Em um contexto pandêmico, questões relacionadas à saúde mental na escola se tornam urgentes. Afinal, toda a comunidade escolar se viu obrigada a se adaptar ao distanciamento social e às novas demandas do modelo remoto e híbrido.
A falta de contato físico entre os colegas, o grande volume de trabalho e o medo fizeram com que essa reflexão ganhasse protagonismo. Pensando na importância do assunto, destacamos algumas dicas de como trabalhar a saúde mental na escola de modo inclusivo e horizontal.
O que significa saúde mental na escola?
Para a OMS, saúde mental vai além da ausência de doenças mentais. O conceito consiste no bem-estar físico, psíquico e social de uma pessoa para que ela se sinta capaz de exercer suas atividades por meio de suas próprias habilidades.
Dessa forma, ela pode se recuperar do estresse do dia a dia, manter sua produtividade e, ainda, contribuir para o desenvolvimento de sua comunidade de forma produtiva. Nesse sentido, a educação é uma chave muito importante para a sua promoção.
O gestor escolar, por sua vez, precisa estar atento para que a instituição e seus componentes compreendam que o ensino não consiste apenas nas habilidades cognitivas e de conteúdos. A educação abrange competências socioemocionais como empatia, responsabilidade, respeito ao próximo e compreensão das diferenças.
Qual o papel da escola na promoção da saúde mental?
O ambiente escolar, por mais pacífico e democrático que seja, pode configurar um ambiente considerado hostil, principalmente devido a pressão por obter notas altas, casos de bullying, problemas relacionados a pais, responsáveis e à autoaceitação.
Nesse sentido, é dever da escola, conforme seu Projeto Político Pedagógico, colaborar para a formação de cidadãos capazes de lidar com os desafios comuns à vida.
Por isso, o papel da escola na promoção da saúde mental inclui tornar-se um ambiente seguro para falar sobre o assunto, sem recorrer a clichês ou transformá-lo em tabu.
Como trabalhar a saúde mental na escola?
Considerando o que é a saúde mental na escola e a relevância dessas competências, destacamos algumas ações para promover a saúde mental nesse ambiente e na sociedade. Confira:
1 – Incentive a autoestima
Valorizar as características singulares dos seus alunos e alunas faz parte da promoção da autoestima. Este aspecto é essencial para que os estudantes se vejam capazes de aprender e interagir não só no universo escolar, mas também fora dele.
Mais especificamente, quando se trata de estudantes pertencentes a etnias não brancas, a construção de uma autoestima positiva pode ser feita por meio da Lei 10.639. Ela estabelece o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas, o que pode ser um caminho muito rico e eficiente.
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2 – Seja empática(o)
As questões de saúde mental são sérias e sensíveis, devendo ser tratadas como tal. Por isso, não diminua o desconforto do seu aluno, da sua aluna ou do seu docente.
Atente-se: além de contribuir para a importância da saúde mental na escola, a empatia deve ser basilar no enfrentamento e em toda tomada de decisão.
3 – Acolha os professores
Como visto anteriormente, a empatia deve se estender aos professores, uma vez que eles também precisam se sentir seguros para conversar.
Nesse sentido, a criação de um espaço aberto de diálogo entre os professores e a coordenação é essencial. Afinal, uma escola que conhece e entende as dificuldades dos seus docentes consegue promover muito mais efetivamente ações interdisciplinares e coletivas de enfrentamento às adversidades.
4 – Atue preventivamente
Não falar do problema não o fará desaparecer! É necessário, então, dialogar e propor atividades, palestras e oficinas que tratem das temáticas de saúde mental. Além disso, o acesso à informação é essencial para os estudantes.
Sendo assim, é imprescindível alinhar ações e atividades que façam com que os discentes sejam incentivados a colocar em palavras suas emoções e angústias a partir de rodas de conversa, trocas e outros canais de comunicação.
Ah, a interação escola-família também é fundamental. Inclua-os nas conversas e palestras que englobam a temática, incentivando-os a tratar a saúde mental com a seriedade necessária.
5 – Treine sua equipe
Professores e coordenadores mantêm contato direto e diário com os alunos. Muitas vezes, eles são os primeiros a notar qualquer problema enfrentado pelo corpo docente. Por isso, é importante promover cursos e palestras com especialistas a fim de treinar a equipe.
Uma vez que eles compreendam a complexidade dos problemas de saúde mental na escola, poderão estar ainda mais atentos a pequenos sinais, propondo encaminhamentos a especialistas e ajudando na obtenção de diagnósticos.
A ação do professor é fundamental para a identificação precoce. Mas, para isso, precisam compreender bem os principais sinais e atitudes relacionadas ao adoecimento mental.
6 – Valorize a leitura
As habilidades socioemocionais podem e devem ser trabalhadas dentro dos conteúdos de modo interdisciplinar, e todas as disciplinas têm responsabilidade nessa construção.
Portanto, a leitura é uma das formas para se desenvolver essas habilidades, principalmente por ser uma prática com alto potencial de desenvolvimento, identificação e conhecimento de mundo.
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7 – Aborde temas que se relacionem à saúde mental
Além dos livros, filmes, obras de arte e movimentos sociais também são formas de falar sobre o assunto. A campanha nacional “Setembro Amarelo” pode ser abordada em sala de aula e no ambiente escolar como um todo, de forma a promover a conscientização de alunos, professores e demais funcionários.
Esse tipo de discussão pode incluir o relato de profissionais da área, que podem falar sobre problemas emocionais, suicídio, depressão e outros assuntos relacionados. Também é interessante propor que os alunos façam seus próprios questionamentos.
Por fim, como vimos, saúde mental também é sobre diálogo e respeito à diversidade. Não deixe de ampliar e aprofundar os canais de comunicação, e principalmente, respeitar as limitações e as emoções da comunidade escolar.
E lembre-se: a instituição de ensino precisa ser um ambiente seguro para todos. Entenda como a escola pode contribuir na promoção e na proteção da saúde mental de seus estudantes e professores.