Há algum tempo, a tecnologia chegou no mundo da literatura e está proporcionando novas experiências de leitura. O cheiro de livro novo, a sensação de folhear as páginas dos livros, de apreciar a arte de belas capas e todas as outras sensações que os livros tradicionais proporcionam são únicas e é provável que e-book algum seja capaz de substituí-los.
No entanto, essas tecnologias permitem explorar as obras de outras maneiras, também interessantes. Imagine abrir um livro em que os personagens se movimentam? Ou um em que as narrativas ganham voz? Tudo isso é possível com os livros interativos! O objetivo deles é abrir o leque de opções de leitura.
Virar a página ou mudar de tela?
Juan Ximenes, diretor de conteúdo da DP Content, uma empresa especializada em produzir projetos digitais, explica que esse debate de livro impresso versus livro tradicional deixa muitos leitores receosos.
“Nós vemos o livro digital infantil não como um substituto da leitura [impressa] muito pelo contrário, mas como um impulsionador, que vai fazer com que essas crianças aumentem o interesse pela leitura”, responde Juan.
Narrações animadas, em que as ilustrações dos livros são dinâmicas e lúdicas, são muito encontradas nas obras interativas. Além disso, as ferramentas digitais também podem explorar o caráter transdisciplinar das histórias. “Nós abordamos temas de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, Ecologia, Culinária sempre com base em fragmentos de textos e com base nisso nós desenvolvemos uma série de atividades que são lúdicas, interativas e complementam a leitura”.
No livro “Cocadas”, por exemplo as crianças podiam aprender, através de animações, como fazer cocadas virtualmente antes de ir para a cozinha. “Nós podemos com uma estrutura gamificada por toda a obra trazendo esses novos conteúdos que vão ser interativos e dinâmicos”.
Colocando os autores na roda
Produzir um livro interativo envolve um trabalho multidisciplinar para que os elementos digitais contribuam com a história. Assim, os autores e ilustradores trabalham juntos com designers, games designers, desenvolvedores e pedagogos para produzir um bom conteúdo.
“Muitas vezes os autores, conceitualmente, sabem aquilo que esperam, mas nem sempre têm conhecimento tecnológico com bases em experiências digitais que proporcionem para eles uma ideia assertiva do que fazer”.
A conversa com os escritores é o ponto de partida para a produção de uma obra interativa. A equipe da empresa marca uma reunião com os autores para discutir as experiências que são possíveis nos livros deles.
Há dois caminhos: criar uma nova história pensada para o formato interativo ou adaptar uma obra já existente para o universo digital. “Nós mantemos as características da narrativa, tentando ser o mais fiel possível, mas enriquecendo esse universo com dezenas de outras possibilidades”, diz o diretor.
Recentemente, por exemplo, foi lançada a obra Alice for the iPad, uma versão do livro de Lewis Carroll que explora diferentes recursos digitais. Neste livro, de 52 páginas ilustradas, as crianças podem mexer os personagens e inclinar o Ipad para que a Alice aumente ou diminua de tamanho.
Uma história pode ser contada de diversas maneiras. Seja por meio das páginas de papel ou das jovens plataformas tecnológicas. Há espaço para todos!
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