Vivemos uma nova realidade. As crianças nascem com acesso a dispositivos eletrônicos e, em algumas famílias, começam a manuseá-los desde bebês. O interesse por esses aparelhos é evidente, o que levanta uma série de discussões. Entre elas, uma pergunta ganha destaque: qual é a melhor abordagem para ensinar e entreter essa geração — a leitura digital ou impressa?
Por isso, resolvemos tratar desse assunto neste post. Como educador, convidamos você a continuar a leitura e acompanhar nossas considerações sobre esse tema.
Importância do incentivo à leitura
Em primeiro lugar, precisamos destacar que é fundamental incentivar a leitura no Brasil. Nossas estatísticas a respeito desse tema são alarmantes: 44% da população não é considerada leitora. Isso significa que todas essas pessoas não leram nenhum livro nos últimos 3 meses, seja ele inteiro ou em partes.
A pesquisa também apontou que 30% dos brasileiros nunca compraram um livro. Portanto, não é uma surpresa que o desempenho dos nossos estudantes em leitura esteja 80 pontos abaixo da média dos países membros da OCDE, segundo o Pisa 2015 (Programme for International Student Assessment).
Diante desse quadro, surgem muitas perguntas. Ele representa um déficit educacional grave e aponta para a necessidade de repensar políticas públicas, buscar soluções didáticas eficientes e proporcionar materiais adequados aos alunos, entre outros fatores.
Devido ao interesse e domínio da tecnologia por crianças e adolescentes, alguns veem que a oferta de opções de leitura digital é um meio de incentivar a formação desse hábito. No entanto, esse recurso tem tanto defensores quanto críticos, e é importante analisar os argumentos de ambas as partes. É o que faremos nos próximos tópicos.
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Baixe agora!Vantagens da leitura impressa
Apesar do interesse que a leitura digital desperta, o mercado editorial tem percebido que ele não prejudicou o volume de compra de livros físicos. As razões para isso são muitas: vão desde o conforto visual de ler um texto impresso no papel até a possibilidade de fazer anotações nas margens.
Segundo alguns defensores do livro impresso, esse objeto também proporciona uma experiência visual e tática única. O leitor se lembra inconscientemente da localização física de palavras ou parágrafos — início ou fim da página, lado esquerdo ou direito, parte superior ou inferior. Além disso, é possível avaliar o progresso na leitura à medida que vemos a quantidade lida e a que falta para a conclusão.
É válido destacar ainda que, especialmente para crianças, algumas experiências com livros são potencialmente interessantes. Ir a uma livraria, observar os títulos dispostos nas prateleiras, ficar curioso a partir da capa e do formato da obra, surpreender-se com recursos diferenciados (pop-ups, texturas, ilustrações) encanta os pequenos. O aconchego de uma história na hora de dormir também é inesquecível.
Portanto, quando a família e/ou a escola possibilitam que o livro impresso se torne um facilitador da formação de memórias afetivas, a leitura tende a se tornar extremamente relevante para as crianças e jovens. Esse é, provavelmente, o principal incentivo à leitura que se pode receber, o que contribuirá decisivamente para a formação de um hábito tão importante.
Vantagens da leitura digital
Por outro lado, vemos um interesse crescente pelo conteúdo digital. Se ele não abalou tanto o mercado de livros, a realidade é bem diferente quando se trata de periódicos. Entende-se que esse tipo de texto, especialmente o jornalístico, tem um consumo muito rápido. Assim, os dispositivos eletrônicos agilizam a disseminação de informações e ainda poupam o meio ambiente. Afinal, eles evitam que árvores sejam cortadas para divulgar dados que perderão sua validade em pouco tempo.
Portanto, nesses casos a leitura digital tem várias vantagens: ela é uma alternativa sustentável e mais barata, que permite o acesso rápido à informação, favorece a localização de dados por mecanismos avançados de busca e está disponível o tempo inteiro graças à conexão dos dispositivos.
Outra vantagem da leitura digital é a interatividade. O texto pode apresentar links funcionais, elementos gráficos animados, pequenos vídeos explicativos e outros sites de desmembramento. Quando se fala em finalidade didática, hoje já existem plataformas que criam atividades que promovem a aprendizagem ativa a partir desse conteúdo. Assim, o aluno tem uma experiência que desperta o desejo de descoberta e aguça o senso crítico.
Escolha da leitura digital ou impressa
É muito importante, neste ponto, destacarmos o fato de que quando falamos em leitura digital ou impressa, não existe uma opção melhor ou pior. Os resultados produzidos, tanto em termos de construção de conhecimento quanto de desenvolvimento da compreensão leitora, são inerentes ao próprio ato. Portanto, os dois formatos podem e devem coexistir, embora eles tenham aceitação maior ou menor em contextos diferentes.
Se o que está em pauta é a leitura por entretenimento, o ideal é equilibrar os estímulos. A criança pode perfeitamente desenvolver o gosto pela leitura por meio de livros impressos interessantes, especialmente se ela tem o apoio e exemplo dos pais. Porém, isso não exclui a possibilidade de conhecer histórias e realizar atividades interativas nos dispositivos eletrônicos.
Já quando se fala em leitura na escola, embora exista espaço para as duas alternativas, precisamos pensar na finalidade pedagógica. No entanto, em uma sociedade digital também é importante que a instituição utilize plataformas digitais com conteúdos atuais e atividades interativas para os alunos. Essa iniciativa contribui para um melhor aproveitamento e a construção do conhecimento. Tão importante quanto o conteúdo e muito mais relevante que o meio usado para a veiculação é a forma como a família e a escola ensinam a criança ou o adolescente a lidar com a história ou informação.
O professor precisa estabelecer uma prática pedagógica que provoque o pensamento e estimule a reflexão. No papel ou na tela, nossos alunos precisam ser ensinados a analisar dados, avaliar as fontes, comparar pontos de vista e realizar julgamentos. Então, não se trata de excluir um ou outro recurso. O ideal é utilizá-los nas situações didáticas apropriadas, de acordo com os objetivos educacionais propostos. Da mesma forma que existem diferentes textos e contextos, também há opções diversas para explorá-los e obter o melhor aproveitamento.
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