Em meio a tantas tecnologias, ao acesso remoto à internet, aos 3G e 4G, ao wireless… As pessoas sabem que a informação está em todo o lugar e não há quase nada que o “oráculo” Google não saiba.
E quando o assunto é inserção na rede, o brasileiro se destaca. Mês passado, foi divulgado o relatório anual da Internet Trends (feito pela empresa americana de investimentos KPCB), que aponta o crescimento do número de usuários da internet.
Entre os 15 países que foram analisados (nos quais mais de 45% da população tem acesso à internet), o Brasil foi o que apresentou o segundo maior crescimento, com alta de 12%, ficando atrás apenas do Irã, que teve aumento de 16%. Em 2013, foram contabilizados 100 milhões de usuários de internet no Brasil.
Sobre essa questão, vale mencionar outra pesquisa, realizada pela Reuters Institute for the Study of Journalism (ligado à Universidade de Oxford), que mostra que 87% dos brasileiros que utilizam os meios digitais se interessam por notícia. A pesquisa teve foco em áreas urbanas, mas ainda assim, é um resultado impressionante, que deixou para trás todos os outros países da pesquisa, levando em consideração que o Brasil era o único país subdesenvolvido dentre os pesquisados.
Pesquisa mostra que 87% dos brasileiros que utilizam os meios digitais se interessam por notícia.
E isso não é bom?
Bom, se cada vez mais brasileiros estão imersos na rede, e a maioria busca informação, é possível esperar avanços na educação, afinal, a informação está disponível em todo lugar para a população, certo?! Não é bem assim pelo que mostra o relatório produzido pela Pearson (empresa de sistemas de aprendizado, associada ao jornal britânico Financial Times) e pela Economist Intelligence Unit (consultoria britânica).
A pesquisa, apresentada no início do ano, coloca o Brasil no fim da lista em um ranking com 40 países (na frente apenas do México e da Indonésia). O ranking leva em consideração a análise do desempenho de estudantes em provas de matemática, ciência e leitura, além de índices como a taxa de alfabetização e de reprovação nas escolas.
Mas, afinal, por que o Brasil, com um grande número de usuários que buscam informação, está tão abaixo em um ranking sobre educação? A informação que transita pela rede não deveria dar conta disso?
A disponibilidade da informação por si só, seja em meio impresso ou digital, não basta para melhorar a qualidade do processo de aprendizagem.
A questão é que a disponibilidade da informação por si só, seja em meio impresso ou digital, não basta para melhorar a qualidade do processo de aprendizagem. Ter informação acessível é essencial. Mas, além disso, a pergunta que fica é: o que o público faz com essa informação?
Mesmo que todos tenham acesso às informações disponíveis especialmente na mídia online, é necessário um método que ajude as pessoas a pensar, refletir sobre o que leem, fazer conexões com temas de sua realidade e tirar conclusões relevantes para suas vidas. Afinal, formar um estudante não é apenas passar para ele um determinado conteúdo, o papel do professor vai muito além disso e envolve ensinar ao aluno COMO aprender.
Métodos como a sala de aula invertida, do qual já falamos, aliam o acesso ao amplo leque de informações e conteúdos disponíveis na Web e também oferecem suporte para o estudante PENSAR a respeito do que se informou. Este e muitos outros métodos podem ser desenvolvidos não só em classe, mas também em casa.
É desenvolvendo uma estratégia para discutir as informações que circulam pela internet que se consolida o aprendizado.
Cabe aos pais e professores ter disposição para explorar esse conteúdo e ter vontade de aprender também, afinal, a tecnologia se atualiza a cada dia, sempre há algo novo. É desenvolvendo uma estratégia para discutir as informações que circulam pela internet que se consolida o aprendizado. É aí que está a diferença entre formar e informar e é por isso que o interesse do brasileiro pelas notícias na rede não altera o quadro da educação no país.
Uma alternativa para amenizar esse problema seria incentivar que a informação – cada dia mais acessível em função da tecnologia – se torne uma ferramenta para os educadores. Assim, seria possível mostrar para o aluno como o aprendizado pode ser extraído de qualquer lugar e não só na escola, mas que é graças a um processo educacional robusto que ele saberá como lidar com esse recurso, em outras palavras “aprenderá a aprender”.
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