Pesquisa analisa a relação entre hábito leitor e indicadores socioeconômicos

A leitura é um dos pilares fundamentais do desenvolvimento humano. Um estudo recente realizado pelo Centro de Pesquisas em Educação, Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) em parceria com a Árvore, em novembro de 2023 revelou insights cruciais sobre a relação entre o hábito de leitura e indicadores socioeconômicos e educacionais, reforçando a importância da leitura como ferramenta para o progresso pessoal e coletivo. Confira os principais pontos da pesquisa:

O Poder Transformador da Leitura

O estudo começa por destacar a importância vital da leitura na aquisição de conhecimentos, expansão do vocabulário e visão de mundo. Mais do que uma atividade de lazer, a leitura é essencial para a participação plena em uma sociedade baseada no conhecimento.

Ela está não apenas na base dos resultados em outras áreas do sistema educacional, mas também é um pré-requisito para o sucesso em muitas atividades da vida adulta.

Hábitos de Leitura e Resultados Educacionais

A pesquisa examinoa a relação entre os hábitos de leitura e os resultados educacionais em disciplinas como Matemática e Ciências.

Os dados mostram que alunos que leem regularmente tendem a ter um desempenho melhor nessas áreas, indicando que a leitura aprimora habilidades cognitivas e de compreensão essenciais para o aprendizado em geral.

A Influência Socioeconômica da Leitura

Além dos impactos educacionais, a pesquisa aborda a influência dos hábitos de leitura nos indicadores socioeconômicos de um país. Sugere-se que nações com maior número de leitores regulares podem apresentar melhores resultados em termos de desenvolvimento e bem-estar social.

O estudo recomenda a implementação de políticas públicas e práticas educacionais que incentivem a leitura desde os primeiros anos de educação. Essas medidas visam melhorar não só o desempenho individual dos alunos, mas também os indicadores gerais de desenvolvimento de um país.

Desafios Atuais no Hábito de Leitura no Brasil

Recentemente, um estudo examinou os microdados do exame internacional Pisa 2018, trazendo preocupações sobre o hábito de leitura dos estudantes brasileiros. Apenas 9,5% dos alunos brasileiros de 15 e 16 anos leram algum material com mais de 100 páginas em 2018.

Em contraste, no Chile, 64% dos alunos atingiram essa marca, e na Finlândia, um exemplo de sucesso educacional, esse índice chega a 72,8%.

Utilizando dados de avaliações internacionais como PISA e PIRLS, o estudo faz uma comparação entre os hábitos de leitura de jovens brasileiros e de estudantes de outros países. O Brasil, participando pela primeira vez do PIRLS, forneceu dados cruciais para compreender a relação entre leitura e aprendizado em contextos desafiadores.

A Realidade da Leitura entre Jovens Brasileiros

Surpreendentemente, 66,3% dos alunos brasileiros nessa faixa etária não leram textos ou livros que ultrapassam 10 páginas. Este dado é alarmante, principalmente quando comparado a países com práticas de leitura mais robustas.

Várias hipóteses são levantadas para explicar por que os jovens brasileiros leem tão pouco. Entre elas, destacam-se o baixo estímulo à leitura, tanto em casa quanto na escola, dificuldades cognitivas e déficits de aprendizagem, e a falta de bibliotecas públicas suficientes.

O Impacto Positivo do Hábito de Leitura

Apesar dos desafios, é importante ressaltar os benefícios da leitura. Estudos anteriores citam que o hábito de ler ajuda a ampliar o vocabulário, melhorar o desempenho na escrita, conquistar fluência verbal e cultura geral, compreender informações em diferentes formatos, e desenvolver a cidadania e o conhecimento dos próprios direitos.

Assim, o estudo é um material importante para guiar e estimular novos caminhos para a formação do hábito leitor entre crianças e adolescentes.