Gestor, a recomposição da aprendizagem já está planejada para o ano letivo de 2023? Saiba como sua escola pode se organizar para atender a essa demanda!
O que é recomposição da aprendizagem?
Apesar de muito discutido durante o período de pandemia, o termo “recomposição da aprendizagem” ainda não é bem definido para todos.
Até pouco tempo, se utilizava “recuperação” em casos onde os estudantes tivessem perdido alguma etapa do ensino e precisavam de um plano para retomar esse conteúdo.
Porém, os efeitos da Covid19 para a educação foram muito mais profundos. Isso tem exigido esforços em maior intensidade quando comparados a qualquer outro caso de perda eventual de conteúdo.
Por esse motivo, a recomposição da aprendizagem surge como uma proposta mais propícia. Afinal, ela apresenta um conceito amplo que contempla diferentes abordagens conforme a realidade da escola.
Qual a diferença entre recuperação, reforço e recomposição da aprendizagem?
A recuperação da aprendizagem acontece no contexto comum de retorno às aulas. Ela tem o objetivo de avaliar os conhecimentos consolidados do ano anterior para definir cronograma e currículo do novo ano letivo.
Ao redor do mundo, as estratégias de recuperação escolar isoladas já são criticadas por serem pouco efetivas em seu papel. E, pelo termo em si, reforçar o estigma dos alunos que, nessa situação, são os mais vulneráveis socialmente.
O reforço escolar é uma estratégia que pode estar ou não presente em um plano de recomposição. Afinal, vai depender das necessidades observadas na turma. Geralmente o reforço é utilizado para cada aluno com dificuldade na aprendizagem, a ponto de comprometer o desenvolvimento de habilidades e competências.
Já a recomposição da aprendizagem surgiu como uma demanda após gestores e educadores perceberem a defasagem escolar como resultado dos impactos da Covid-19 na educação básica. Esses impactos foram tão acentuados que, pensar somente em recuperação e reforço escolar, não seria suficiente.
A recomposição da aprendizagem abarca mais estratégias, para além da mitigação das perdas de conteúdo. Ela considera etapas de avaliação diagnóstica, acolhimento, readaptação e uso de diferentes metodologias. Tudo isso para remediar, intervir e acelerar o processo de ensino e aprendizagem, conforme Levantamento Internacional de Estratégias de Recomposição das Aprendizagens.
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Baixe agora!Qual a importância da avaliação diagnóstica?
O tipo de sondagem diagnóstica pode variar, mas o objetivo é sempre o mesmo: entender o cenário da realidade dos estudantes em relação ao conteúdo escolar para, a partir dele, traçar o plano de ação pedagógica.
As avaliações podem ser elaboradas a partir da observação dos educadores em atividades de sala de aula.
Algumas instituições contam ainda com a participação das famílias na construção do diagnóstico. É uma etapa importante para obter informações sobre a continuidade educacional durante o ensino remoto. Algumas práticas complementares para este fim são:
- Monitoramento contínuo dos resultados das avaliações diagnósticas através de análise de dados;
- Oferta de formações sobre as mais diversas modalidades avaliativas. Assim, professores e coordenadores podem se apropriar desse conhecimento e contribuir na decisão da melhor modalidade para as escolas.
- Implementação de recursos tecnológicos para sistematizar os resultados avaliativos, facilitando a tomada de decisão baseada em dados concretos.
Como fazer a recomposição da aprendizagem?
Após a realização das avaliações diagnósticas, a escola vai entender quais são as estratégias mais adequadas para lidar com as lacunas de aprendizagem.
Essas estratégias, apesar de serem diversas, podem ser organizadas em grandes grupos de direcionamento, a depender do objetivo a ser alcançado. Listamos as principais delas para que gestores e coordenadores possam se inspirar na hora de planejar:
Acolhimento
Um dos grandes desafios da retomada são os impactos na saúde mental de estudantes e professores. Por isso, fomentar o acolhimento torna-se primordial em qualquer combinação de estratégias de recomposição.
A premissa é que as escolas sejam espaços seguros e de pertencimento. Dessa forma, toda a comunidade escolar é responsável pela aprendizagem dos estudantes. Para cumprir essa missão, algumas estratégias sugeridas são:
- Investimento em Educação Socioemocional como fator de promoção da saúde mental.
- Garantia de acesso a atendimento psicológico apropriado para estudantes e professores nas escolas.
- Iniciativas de acolhimento para gestores e coordenadores em momentos formativos, para que a prática seja escalonada para toda a rede. E claro, para que eles também se sintam acolhidos e seguros de trabalhar esse tema com os estudantes e suas famílias nas escolas.
- Elaboração de um fluxo de encaminhamento de saúde mental, com pontos focais bem definidos na escola e apoio das instituições competentes (Conselho Tutelar, Centros de Referência de Assistência Social, entre outros) para situações de risco.
Carga horária
O investimento em reforço escolar no horário de contraturno e em regime integral de aulas, geralmente, apresenta resultados positivos.
Embora sejam evidentes os benefícios do aumento de carga horária é importante ressaltar que essa estratégia é a mais sensível para grande parte das escolas. Isso porque a realidade fiscal e o orçamento disponível nem sempre são favoráveis a essa implementação nos diferentes contextos da educação no país.
Em resumo, as alternativas que aparecem em destaque são:
- Implementação de regime integral de aulas
- Implementação de aumento de carga horária no período regular ou contraturno
- Ensino por nível de aprendizado através de reenturmação temporária
Rearranjo curricular
Uma das estratégias mais utilizadas ao redor do mundo para recompor aprendizagens é a adaptação e priorização nos currículos, focando em habilidades estruturantes. Essas estratégias podem ser aplicadas através de algumas alternativas:
- Priorização curricular. O currículo é revisto de modo a excluir repetições ou sobreposições de habilidades entre as séries.
- Foco em habilidades estruturantes. São priorizadas as habilidades das áreas de linguagens, matemática e, no caso do cenário pós pandemia, socioemocionais.
- Agrupamento por desempenho. Trabalha na recomposição com habilidades selecionadas para grupos de estudantes com desempenho semelhante em relação aos resultados obtidos na avaliação diagnóstica.
- Personalização do ensino. Viabiliza o ensino dos conteúdos de acordo com o que cada estudante precisa desenvolver e com o seu estilo de aprendizagem.
Formação docente e materiais de apoio
Garantir formação aos gestores e coordenadores e promover o acesso a materiais didáticos e outros recursos. Aos gestores, vale um olhar atento para:
- Oferta de formação e acompanhamento dos gestores para concretizar o planejamento e apoiar nas tomadas de decisão de forma assertiva, baseada em resultados.
- Materiais didáticos apropriados para que gestores e educadores se sintam seguros e confortáveis na condução da estratégia de adaptação curricular definida.
- Investimento em soluções tecnológicas que potencializem o plano de recomposição elaborado pelos coordenadores.
Qual o papel do coordenador pedagógico nas ações de recomposição de aprendizagem?
A coordenação pedagógica tem papel fundamental, pois são os responsáveis por traçar o plano de ação ideal para a recomposição de aprendizagem, em parceria com a gestão.
Um dos primeiros passos é planejar o método e aplicação da avaliação diagnóstica e analisar seus resultados para nortear as definições de estratégias.
Além disso, faz parte do papel da coordenação, propor e acompanhar os momentos formativos do corpo docente. É essencial conhecer a fundo os materiais de apoio e buscar recursos tecnológicos que apoiem esse processo dentro da escola.
Gestor, esperamos que esse conteúdo tenha te ajudado a entender melhor o conceito da recomposição da aprendizagem e as estratégias envolvidas.
Se quiser se aprofundar no tema e entender o papel da leitura nesse contexto, acesse o nosso texto sobre defasagem escolar. Até a próxima!