José Pacheco é especialista em educação e idealizador da Escola da Ponte, em Portugal. É autor de inúmeros livros e artigos sobre educação e indutor de mais de 100 projetos para uma nova educação no Brasil. Durante o congresso Conversas que Transformam, realizado pela Árvore, o educador trouxe um debate sobre novas construções sociais da aprendizagem.
Para ele, há algumas tendências para a educação pós-pandemia. Uma delas é o simples retorno para as aulas presenciais, outra é a digitalização e uso da inteligência artificial na educação, e, por fim, o surgimento de novas construções sociais da aprendizagem. Neste post, você confere um pouco mais sobre essas novas construções de acordo com José Pacheco.
Para José Pacheco, a educação do futuro já está no Brasil
O Brasil possui grandes pensadores da educação, como Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima e muitos outros. Portanto, José Pacheco ressalta o quanto o que entendemos como educação do futuro já está no país.
Para o educador, os professores precisam encarar a pandemia como uma oportunidade de rever suas práticas e fazer uma educação para o século 21. Afinal, a educação do futuro acontece já, agora, no Brasil. Assim, essas novas construções passam pelo empoderamento do professor e por práticas realmente novas. Nas palavras de José Pacheco: "chamam inovação aquilo que não é e classificam propostas novas o que é somente a reinvenção da roda da pedagogia".
Sete perguntas para um processo de transformação
José Pacheco propõe aos professores a elaboração de sete perguntas, que conduzirão a um processo de transformação. Assim, a partir destas sete perguntas, também surgirão sete obstáculos e a partir deles sete formas de superação. Confira as perguntas:
- 1ª pergunta: Por que nós aprendemos? Por que uma criança aprende a andar, falar, gritar? Com essa perguntas, podemos entender melhor como funciona a aprendizagem.
- 2ª pergunta: O que nós devemos aprender? Quais são as aprendizagens essenciais? José Pacheco propõe a reflexão de que o escopo da aprendizagem vai além dos documentos de base, mas a partir das vivências dos próprios alunos.
- 3ª pergunta: Quando se aprende? Aprendemos somente em uma certa idade ou durante toda a vida? Para José Pacheco, nós aprendemos sempre e durante toda a vida.
- 4ª pergunta: Onde se aprende? Dentro de quatro paredes? Também! Mas também aprende-se na internet, na praça, na floresta, na biblioteca, em qualquer lugar.
- 5ª pergunta: Com quem e com o quê se aprende? José Pacheco ressalta que aprendemos uns com os outros, midiatizados pelo mundo. Afinal a aprendizagem é uma aprendizagem entre pessoas e não para pessoas. Logo, é na intersubjetividade que se aprende.
- 6ª pergunta: Como se aprende? Diversas teorias da aprendizagem vão abordar a fundo esse tópico. Para o educador, nós aprendemos, por exemplo, quando atribuímos significado ao objeto de estudo.
- 7ª pergunta: Como é que sabemos que aprendemos? De acordo com Pacheco, essa é uma das questões mais complicadas. Afinal, para o educador, uma prova não prova nada. A comprovação da aprendizagem se dá através da prática e na avaliação formativa, contínua e sistemática.
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Obstáculos encarados no processo de transformação
Para José Pacheco, um dos primeiros obstáculos para a transformação de práticas educacionais que o professor encara é ele próprio. Isso porque o professor aprendeu certa formação e precisa sempre se reinventar.
Assim, outro obstáculo é a formação do professor. O modo como o professor aprende é o modo como o professor ensina. Portanto, deve fazer sentido com a prática que ele adota. De acordo com Pacheco, "a aprendizagem é antropofágica: eu não aprendo o que o outro diz, eu aprendo o outro". O outro é o sujeito da aprendizagem.
Por fim, o educador ressalta ainda alguns outros obstáculos, como os alunos, a família, a sociedade e a regulamentação da lei, que deveria ajudar a promover a inovação pedagógica.
Soluções para os desafios nas novas construções pedagógicas
Pacheco ressalta que a maior parte das soluções está ligada aos pilares da educação. O professor deve se perguntar como quer ser enquanto profissional e entender que toda construção é coletiva.
A essas soluções, juntam-se mais três: primeiro, o professor precisa aprender a desobedecer; segundo, o professor precisa aprender a reaprender; e, por fim, aprender a desaparecer e ter o dom do desapego.
A experiência de José Pacheco na Escola da Ponte
José Pacheco também contou um pouco sobre a experiência com a Escola da Ponte. A Escola da Ponte foi a primeira escola pública a aplicar a escola da vida, onde o paradigma da instrução passou para o paradigma da aprendizagem. O professor deixou de ser o centro, que passou a ser o aluno. As famílias foram consultadas e convidadas a trabalhar junto da escola. Hoje, quem dirige a Escola da Ponte é a comunidade, não tem diretor.
Para Pacheco, na aprendizagem, o centro de tudo é a relação. A aprendizagem depende da criação de um vínculo, que não é meramente cognitivo, mas também afetivo. Por isso que muitos projetos de novas aprendizagens possui a arte como centro.
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